domingo, 29 de maio de 2011

FITOLATRIA O CULTO AS ARVORES

Enraizada na terra, mas com seus ramos apontando para o céu, ela é, como o própio homem, uma imagem da "essência dos dois mundos" e da criatura medianeira entre o acima e o abaixo. Em muitas culturas antigas não são apenas veneradas determinadas árvores ou um bosque inteiro, como morada de seres sobrenaturais(Deuzes, espíritos elementares ), mas muitas vezes encontramos a ídéia da árvore como eixo do mundo, em torno do qual o cosmo está disposto: pensemos por exemplo na arvore cosmogônica Yggdrasil entre os germanos setentrionais, ou a sagrada Ceiba- ou Yaxché- dos maias iucateques, que cresce no centro do mundo e suporta as camadas do céu, sendo que em cada um dos quatros cantos do mundo uma árvore colorida desse tipo serve de pilastra do firmamento. O papel de árvores-tabu no paraíso bíblico é conhecido: para os budistas, o pipal ( ficus-religiosa ), sob o qual Gautama, o  Buda, obteve a iluminação, é símbolo do " grande despertar". Os Egípcios antigos, veneravam o sícômoro, do qual a deusa Hator trazia para os mortos, e para seu pássaro das almas ( Ba ), a bebida e o alimento fortalecedores. O Deus Súmerio da vegetação Dumuzi Tamuz era venerado como árvore da vida. A antiga  China venerava o pessegueiro e a amoreira, os druídas celtas, o carvalho, que também era consagrado ao Deus do trovão germânico Thor e , entre os gregos, a Zeus, rei dos deuzes. Arvores sagradas desse tipo, em parte  reais, em parte idealizadas e alçadas a símbolo cósmico, são encontradas em quaze todos os povos antigos. Na ìconografia cristã a árvore é símbolo da vida querida por Deus e o curso de seu ciclo anual alude ao ciclo de vida, morte e ressurreição, enquanto a árvore infrutífera ou morta indica o pecador. Da maneira da paradísíaca "árvore da sabedoria " teria sido feita mais tarde a cruz de Cristo, que daí em diante se tornou fiel a árvore da vida. Muitas vezes ela foi representada com ramos e folhas, ou comparada à árvore genealógica da  "raiz de Jessé ". A simbologia da árvore e sua veneração conservam um resto de  antiga religião natural, na qual às árvores não são simplesmente fornecedoras de madeira, mas sim entes animados e habitados por ninfas, com as quais o homem tinha uma relação sentimental. Árvores com imagens de santos colocadas em seu tronco ( "Devoção dos bosques" ) na Áustria, também se referem a isso, assim como  a árvore de natal, difundida atualmente em quase todo o mundo, e que evoca em pleno inverno, o verde e o renascimento como símbolo consolador. No culto Yorùbá, são inumeras às árvores sagradas que repesentam forças e caminhos da força de Deus para os homens, como o dendezeiro, o Ìrókò e outras, às quais poderiam ser interpretadas como técnicas xamãnicas. ( Òrúnmilá deve subir nas árvores de Ìyámì para poder ter acesso a seus inùmeros poderes ). Estas seriam as ascensões rituais das árvores sagradas. 1- árvore ìwò, 2-árvore arère 3- árvore òse, 4- ´arvore ìrOko, 5- árvore ìyá,6- arvore asurin, 7- arvore òbòbò. Os sete pilares da magia de Ìyami.    (texto colhido do livro magia prática no culto à ÌYami.)

Um comentário:

  1. Interessantíssimo! Como nós humanos atuais, bestializados pela tecnologia que nos embriaga o intelecto perdemos nossas raízes e significados das nossas culturas! Quanta riqueza nas religiosidades, e quantos sentidos "perdidos" pelo tempo e falta de estudo... parabéns pelo texto! Merece uma pesquisa de Mestrado, Doutorado, e um Livro!

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