quinta-feira, 16 de junho de 2011

YEMANJÁ IBA


Parte inferior do formulário
f1- Yemoya é uma das principais energias Orisa incompreendido.Não é uma figura materna passiva feminina, é uma matriz energética extremamente poderoso controlando uma série de atributos. Do professor mãe, provedor, na posse de segredos das profundezas do oceano a uma destruição incrivelmente forte personificado por furacões, é uma das energias fundamentais do Ifa.

Na África, as mulheres são aceitos como parceiros fortes, iguais aos homens.
 Mulheres, em sua maior parte, correu às lojas no mercado. Eles correram a casa, ea mulher sênior tinha o controle total sobre o que outras mulheres seriam autorizados a entrar na casa. Esta visão da "Mãe" é bastante diferente da visão da diáspora. Como resultado da Passagem do Meio, a energia de Yemonja mudou dramaticamente neste hemisfério.Ela perdeu seu aspecto poderoso como um resultado do lugar secundário das mulheres no Cristianismo. Ver a senhores de escravos Católica "mundo começou a prevalecer.



O Pataki que evoluíram ao longo dos anos têm-se concentrado mais nos aspectos carinho, do que os mais fortes de proteção.
 De fato, a extensão final deste foi para retratar a energia Yemonja como a mãe que dá carinho e nunca reclama. Uma energia que simplesmente dedica sua existência a cuidar de seus filhos, mas raramente discipliná-los.

Nada poderia estar mais longe da verdade!
 De todas as energias no panteão dos Orisa, a ira de Yemonja pode ser o mais feroz, o mais devastador. Ao contrário da destruição seletiva de Oya, a destrutividade de Yemonja-Olokun em proteger seus filhos, ou expressar a sua ira, é enorme e extensa. É representado pelo furacão! A descrição correta e incisiva. O furacão varre tudo em seu caminho ... cidades ou países inteiros foram deixados abaladas por esta devastação.

 

No entanto, na interpretação moderna diáspora, Yemonja é o homebody sorrindo, sempre lá para cuidar de seus habitantes.
 Sempre disposto a sublimar seus desejos e necessidades com os desejos e as necessidades daqueles que ela cuida. E, assustadoramente, os filhos de Yemonja-Olokun se permitiram ser condicionada e moldada por essas percepções. De fato, a separação do aspecto cultivo de Yemonja, a partir da energia assertiva de Olokun (o aspecto masculino da Yemonja) foi o resultado dessa má interpretação ... ou desejo. Daí resultou uma lobotomia energia para aqueles que a aceitaram.



É verdade que Yemonja é nutrir e fornecer.
 O Pataki que descrevem as riquezas do oceano, que se referem à criação e sustentação de vida através de suas águas e seus habitantes, todos corretamente expressar o prestador de educação que Yemonja-Olokun realmente é.



Este cuidado não vem sem o seu custo.
 E que o custo é o comportamento moral desta energia para aqueles que protege, e para si. Não só Yemonja-Olokun chicotear para fora para proteger as crianças, família ou comunidade, que vai lançar-se para se proteger do abuso moral ou ignorância do seu significado e coloque em nosso universo. É uma energia essencial para o nosso bem-estar, crescimento e conforto ... mas apenas porque os dons fornecidos pela energia incluem a realidade de punição severa para ofensa moral ou física fazendo. Não se pode levantar corretamente e criar as crianças sem um ensino, e insistindo em diante, o comportamento moral e respeito que eles devem aprender.

OSUN

Osun teria nascido de uma concha depositada por sua mãe Yemanjá, nas margens de um grande rio ao qual, empresta o seu nome, rio oxum, em ioruba " ôdô osun". É no local mais profundo deste rio , entre as localidades de iguedè onde nasce e lekè, onde desenboca numa lagoa, que Osun é originalmente cultuada, tendo o seu templo principal edificado nesta região, na aldeia de oxogbo, palavra do dialeto iorubá que significa " OXUM ATINGIU A MATURIDADE". No percurso do rio, que corresponde à trájetória do própio orìsá,  Osun assume diferentes características, todas ligadas a maneira de ser das mulheres, de seu caráter e atitudes, de suas qualidades e defeitos. Assim, o africano se refere à  diferentes !caminhos " deste orìsá, que serão descritos de forma particular, sempre comparados a situações específicas do procedimento feminino. Temos então:                              OXUN KAYODE-  representada pela dança de Oxun, repleta de movimentos que denotam, a sensualidade revelada na maneira, de andar, de se movimentar e de proceder das mulheres.                                     YEYE KARE- representa o culto a beleza e à vaidade feminina. É descrita  como  "O ESPÍRITO QUE SE REFLETE NO ESPELHO", motivo pelo qual, Oxun está permanentemente se admirando na superfície de um espelho, do qual não se separa nunca. O gosto pela riqueza, pela opulência, e pelo uso de jóias e adornos se revela no caminho de Oxun Bumi, onde a  YAGBÁ cobre-se de pulseiras, brincos e colares de ouro, metal que lhe pertence por direito e ao qual está ligada de todas as formas..   OSUN SEKESE-   representa a aparente fragilidade feminina, artíficio usado para obter a proteção dos representantes do sexo masculino.               OXUN IBUKOLA- é a  sedutora írresistível e representa o poder de sedução feminino.   O espírito maternal é representado por três diferentes caminhos onde OXUN FUMIKE proporciona a possibilidade de gerar filhos, OXUN OXOGBÔ assiste a mulher na hora do parto, desenpenhando aí,  a função de parteira e OXUN FUNKE é a mestra, representando a mãe que orienta e ensina aos filhos as primeiras palavras e passos no seu primeiro contato com o mundo e com a propía vida.                            OXUN MIWA- O espírito das aguas doces está de certa forma, ligado ao processo de gestação e dizem que assiste e protege o feto durante todo o período de gravidez, sendo a dona do líquido aminiótico.  A inconstância do caráter feminino é representada por,  OXUN AKURA IBÚ, que se faz presente nos locais de encontro das aguas do rio com as do mar.  A mulher guerreira , batalhadeira e belicosa é representada por quatro caminhos de Oxun,, nos quais porta sempre uma espada.  Nestes caminhos a Orìsá é conhecida como:  OXUN ÀPÁRÁ, OXUN OKE , OXUN ÌPONDÁ, YEYE IBERÌN ,  Todas consideradas como guerreiras poderosas.    A mulher madura, consciente de sua graça e elegância,  revestida de respeito e classe, são representadas por OXUN EDE. A partir daí , Oxun assume características relacionadas a mulher envelhecida,, cheia de manias e preconceitos, ranzinzas e implicantes. E é  então representada por OXUN OGÁ. No último caminho, vamos encontrar OXUN ABOTÔ, considerada velha e decrépita e envolvida em ações misteriosas e obscuras relacionadas, talvez à prática da feitiçaria. Oxun, então assume e revela todo o poder feiticeiro da mulher. Desprovida agora de escrúpulos e do sentimento de piedade, contesta agora a PSEUDO-SUPERIORIDADE do macho e cria uma sociedade secreta , estritamente matriarcal denominada SOCIEDADE GUELEDÉ , onde a face maligna é encoberta por máscarás muitíssimo elaboradas.   É OXUN AWE  que se encarrega de organizar esta sociedade, onde o homen não tem vez, devendo, tão sómente, submeter-se de bom grado, às exigências de suas líderes. OXUN, reunindo em si mesma, todas as diferentes manifestações anteriormente descritas, assume para si o absurdo poder de YÁMI AJÉ - A MÃE FEITICEIRA- e , investida deste poder, controla  a vida e a   morte, punindo ou premiando indicriminadamente, sem senso de justiça e sem julgamento. Aí, é representada pela grande cabaça IGBADÚ, símbolo do ventre gerador, encimada pelo pássaro OXÓRÒNGÁ, REPRESENTAÇÃO DO PODER FEITICEIO ilimitado que pode enviar aonde bem entender  de acordo com sua conveniência. Surpreendentemente, determina que esta cabaça jamais seje vista ou cultuada por mulheres.          ÌBÁ OSÙN, ÒSUN SIGÌNSI EMI L' OMO ÌJESÁ ÒSUN Ò JIRE  E Ò      .

domingo, 29 de maio de 2011

FITOLATRIA O CULTO AS ARVORES

Enraizada na terra, mas com seus ramos apontando para o céu, ela é, como o própio homem, uma imagem da "essência dos dois mundos" e da criatura medianeira entre o acima e o abaixo. Em muitas culturas antigas não são apenas veneradas determinadas árvores ou um bosque inteiro, como morada de seres sobrenaturais(Deuzes, espíritos elementares ), mas muitas vezes encontramos a ídéia da árvore como eixo do mundo, em torno do qual o cosmo está disposto: pensemos por exemplo na arvore cosmogônica Yggdrasil entre os germanos setentrionais, ou a sagrada Ceiba- ou Yaxché- dos maias iucateques, que cresce no centro do mundo e suporta as camadas do céu, sendo que em cada um dos quatros cantos do mundo uma árvore colorida desse tipo serve de pilastra do firmamento. O papel de árvores-tabu no paraíso bíblico é conhecido: para os budistas, o pipal ( ficus-religiosa ), sob o qual Gautama, o  Buda, obteve a iluminação, é símbolo do " grande despertar". Os Egípcios antigos, veneravam o sícômoro, do qual a deusa Hator trazia para os mortos, e para seu pássaro das almas ( Ba ), a bebida e o alimento fortalecedores. O Deus Súmerio da vegetação Dumuzi Tamuz era venerado como árvore da vida. A antiga  China venerava o pessegueiro e a amoreira, os druídas celtas, o carvalho, que também era consagrado ao Deus do trovão germânico Thor e , entre os gregos, a Zeus, rei dos deuzes. Arvores sagradas desse tipo, em parte  reais, em parte idealizadas e alçadas a símbolo cósmico, são encontradas em quaze todos os povos antigos. Na ìconografia cristã a árvore é símbolo da vida querida por Deus e o curso de seu ciclo anual alude ao ciclo de vida, morte e ressurreição, enquanto a árvore infrutífera ou morta indica o pecador. Da maneira da paradísíaca "árvore da sabedoria " teria sido feita mais tarde a cruz de Cristo, que daí em diante se tornou fiel a árvore da vida. Muitas vezes ela foi representada com ramos e folhas, ou comparada à árvore genealógica da  "raiz de Jessé ". A simbologia da árvore e sua veneração conservam um resto de  antiga religião natural, na qual às árvores não são simplesmente fornecedoras de madeira, mas sim entes animados e habitados por ninfas, com as quais o homem tinha uma relação sentimental. Árvores com imagens de santos colocadas em seu tronco ( "Devoção dos bosques" ) na Áustria, também se referem a isso, assim como  a árvore de natal, difundida atualmente em quase todo o mundo, e que evoca em pleno inverno, o verde e o renascimento como símbolo consolador. No culto Yorùbá, são inumeras às árvores sagradas que repesentam forças e caminhos da força de Deus para os homens, como o dendezeiro, o Ìrókò e outras, às quais poderiam ser interpretadas como técnicas xamãnicas. ( Òrúnmilá deve subir nas árvores de Ìyámì para poder ter acesso a seus inùmeros poderes ). Estas seriam as ascensões rituais das árvores sagradas. 1- árvore ìwò, 2-árvore arère 3- árvore òse, 4- ´arvore ìrOko, 5- árvore ìyá,6- arvore asurin, 7- arvore òbòbò. Os sete pilares da magia de Ìyami.    (texto colhido do livro magia prática no culto à ÌYami.)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

CONDUTA ESPIRITUAL

É importante refletir que uma Egbe de Orisa, é um espaço físico onde,  todos são bem vindos e todos os que procuram vão em busca, de uma resposta, de um alento, de um interesse pessoal e por isso  este local sagrado, deve ter muito mais que uma bela decoração, e limpeza física. Deve ter uma conduta espiritual, onde o respeito , a sinceridade, a boa vontade, a confiança, são as primeiras regras à serem semeadas, pelos fundadores da casa. É importante receber a todos com educação, carinho e respeito, mas muito importante também, saber informar as pessoas  que há uma conduta a ser seguida.Casa de Orísa não é um clube social, e sim uma comunidade ,onde Babalorisas eYalorisas, zelam pelo bem estar de muitas familias, jovens, senhoras, moças, rapazes, e crianças. É  de grande valia, que as pessoas que simpatizam, ou vão em busca de ajuda espiritual, observe bem a comunidade,  antes de tomar a decisão de fazer parte dela, para  se familiarizar, com as pessoas que já se encontram lá, para se adaptar ao funcionamento desta casa. Um espaço onde a política ,é se ter sempre uma conversa aberta, sincera , onde podemos falar com o coração, seje com os sacerdotes, iyas, ou nossos irmãos, sem temer nenhum tipo de má interpretação, ou nenhuma surpresa pelas costa, é de fato onde podemos nos sentir, fìsico e espiritualmente em casa de Orisa. Pois Orísa é isto, presença espiritual, alegria, bem estar, realização e vítória. Portanto esta é a conduta espiritual de que falo,  pois a inveja, o ciume, a desconfiança, a fofoca, a maledicencia, já anda a mil, por hora, em todas as ruas. O que se deve fazer, é uma transformação disto, pois esta doença espiritual da vaidade, competição, traição, só tras uma grande sensação de vazio, de solidão,  e depressão desmedida. Enquanto as pessoas disputam entre si, quem sabe mais, quem se veste melhor, quem é mais velho ou mais novo, deixam de  praticar o que de fato é mais importante, a sabedoria com energias tão poderosas, e capazes de auxiliar a todos, com apenas uma boa reza de coração, dois obis, e Orisá faz milagres, mas  as vezes, a preocupação em ser isto ou aquilo, é maior do que em simplesmente ser feliz.  ter uma conduta espiritual é ser obediente a tudo que seu orisá pediu, é respeitar os preceitos de sua casa, é conversar com seu Baba ou  sua Iya, quando tiver dúvidas, dizer sempre não , aqueles que tentar enreda-lo com  fofocas de outros irmãos, é ser cristalino e honesto com voçe mesmo, é saber esperar seu momento de glória, é saber respeitar as diferenças,  isto é ser espiritualista, desejar que o outro seje feliz como voçe é ou quer ser, é saber dividir, é saber ouvir, e não estar por ai, se ocupando em polêmicas que nem são suas, voçe ganharia mais se estivesse rezando, por ti e pelos seus entes queridos. Que Orùnmílá na sabedoria dele, abençõe a todos nós.

sábado, 16 de abril de 2011

A INFLUÊNCIA DO OBSTÁCULO DIVINO NO NOSSO DESTINO

(Da  OBRA COMPLETA DE ỌRÚNMÌLÁ - A SABEDORÍA DIVINA, de  Mr. Cromwell Osamaro)


IwOrígogbe, um dos Odu mais velhos (discípulo) de Ọrúnmilá, revelará mais tarde a influência em nossas vidas da divindade chamada Infortúnio. Elenini (Ido-Boo) é o guarda da Câmara interna do Palácio divino de Deus, aonde todos vamos nos ajoelhar para fazer os pedidos e juramentos para a nossa permanência no mundo.

Uma vez tendo completado as providências para nossa partida, seremos conduzidos por nossos “anjos guardiões” à câmara interna, aonde fazemos nossos próprios desejos. Deus não nos conta o que vai ou não vai acontecer conosco ou nos dar algum desígnio especial. Tudo aquilo que vemos, desejamos fazer ou transformar, Ele simplesmente abençoa dizendo:

“- Que assim seja minha criança!”

Quando IwOrígogbe estava indo para a terra, ele fez um pedido, que queria modificar a face da terra, eliminando todo mal e elementos viciosos. Para ser capaz de executar sua tarefa, ele solicitou de Deus um poder especial sobre a vida e a morte. Deus respondeu que seu pedido estava concedido.

Envolvido pelo poder concedido a ele por Deus, partiu rapidamente em sua jornada para a terra.

Seu anjo guardião o relembrou da necessidade de assegurar seus pedidos com Elenini a mais poderosa divindade, mas ele disse ao seu anjo que não havia força maior que Deus e desde que ele tinha obtido autOrízação divina, não via porque se justificar com alguma divindade inferior. Assim que deixou o palácio divino, Elenini inverteu os desejos de IwOríbogbe.

Na chegada a terra, ele descobriu que ao contrário de seus pedidos, estava se encontrando por acaso em dificuldades. Veio a saber que tudo aquilo que ele pediu estava acontecendo sempre ao contrário. Quando ele rezava para pessoas viverem, eles morriam, enquanto aqueles que ele desejava mortos, viviam.

Ele se tornou muito amargurado e desiludido, por que ninguém se atrevia a ir até ele para consultar o oráculo, ou pedir auxílio, desde aquilo que havia feito, pagava muito caro por isso. Após passar fome dentro de sua frustração por algum tempo, ele decidiu retornar ao céu.

Chegando ao céu, ele foi ao seu anjo que o relembrou do aviso dado a ele antes da partida do céu.

Foi neste ponto que ele concordou em ir ao oráculo, aonde foi informado a fazer sacrifícios elaborados para Elenini, a mais velha das divindades. Ele fez o sacrifício e retornou subseqüentemente para a terra para uma vida produtiva e realizada.


A FUNÇÃO DO ANJO GUARDIÃO



O principal arquiteto do nosso destino, tanto no céu como na terra é o nosso anjo guardião. Ele nos informa o que fazer antes da vinda do céu para o mundo. Alguém que segue a direção e as instruções de seu anjo guardião nunca se perde. Os Yorùbá o chamam Eleeda e os Bini o chamam Ehi. Aqueles que são meticulosos o bastante para ir ao oráculo no céu antes de vir para o mundo, e fazer tudo aquilo que lhes for avisado no jogo para fazer, agüenta melhor até mesmo mudanças de uma permanência tranqüila e razoável na terra.

Aqueles que se recusam a acatar as prescrições ou então fazem apenas metade, encontram todo tipo de problemas em ambas as jornadas, na vida e no mundo. Todas as criaturas animadas por Deus tem seu anjo guardião individual. Tanto as divindades inferiores e humanos igualmente são conhecedoras de ter seus guardiões. Esses guardiões moram no céu e guardam vigia sobre nossas atividades na terra. Acredita-se na mitologia que a sombra de uma pessoa é a imagem do seu guardião. Nos seguindo aonde quer que nós vamos. Ocasionalmente quando nós estamos adormecidos, sonhamos com um evento por vir e algumas pessoas atualmente estão percebendo estes eventos. Estes livros estão repletos de passagens nas quais o guardião de várias pessoas lhes aparece em sonhos para guiá-los em suas atividades na terra. Isto acontece na maiOría dos casos quando um indivíduo está se desviando do caminho do seu destino e ele não é dado a ir consultar o oráculo.

É em tais circunstâncias que o anjo recorre ao uso dos sonhos ou avisos através de amigos íntimos e parentes, para nos advertir sobre eventos prestes a acontecer. Quando o anjo descobre que seu pupilo não acredita em sonhos, sempre pode falar com ele através de outras divindades. Há muitos exemplos em que um vidente estranho chega para uma pessoa ao longo da jornada em seu local de trabalho ou em sua casa para alertá-lo de perigos prestes a acontecerem e o que ele pode fazer para desviá-los.

Assim todos os exemplos são arquitetados por nossos anjos. Para aqueles que acreditam no oráculo e em sacrifícios, são freqüentemente avisados a fazer sacrifícios por meio de seus anjos.

Nós iremos descobrir através destes livros quais materiais para tais sacrifícios são usados pelos anjos para receber Oríentação do Alto poder para ter suporte na realização dos vários objetivos de nossas vidas.

O papel mais importante do guardião é usar o sacrifício feito por seu tutelado no céu para homenagear todas as divindades com provável desempenho de função em suas atividades diárias na terra. Aqueles que falham em fazer tais sacrifícios no céu, são os que se tornam pobres na terra. Os sacrifícios são feitos através de nossos anjos antes de partir do céu, e aproximando-se a semeadura , nós semeamos, fato que, como a noite segue o dia, produz o benefício o qual nós colheremos depois no mundo. É uma paródia da justiça divina, louvar uma vida de perpétua privação e penúria, levando isso como integridade moral.

Pobreza não é sinônimo de virtude, por que a ninguém é dada à opção de escolher entre opulência e penúria.

A verdade simples é que ninguém colhe aquilo que não plantou, ninguém vai pegar seu pacote de pagamento donde ele não tenha trabalhado. Ninguém vai tirar dinheiro de um banco no qual ele não tenha depositado ou tenha crédito.

Ninguém espera colher dividendos de uma companhia na qual ele não tenha investido. E ninguém espera obter um certificado ou diploma de um curso ou estudo que ele não tenha realizado com sucesso. Da mesma maneira, ninguém espera ter uma vida boa na terra, se não fez o sacrifício antes de sua vinda do céu.



A FORÇA DO DESTINO EM NOSSAS VIDAS


Como já foi indicado, a duração de nossa permanência na terra, o tipo de trabalho que fazemos, e o grau de nosso sucesso ou fracasso na vida são todos funções de nossas próprias solicitações destinadas. Nós veremos por exemplo os trabalhos de IwOríbogbe, que se uma pessoa escolhe pagar uma visita rápida no mundo, não haveria virtualmente nada que se pudesse fazer para prolongar a vida de tal pessoa na terra, exceto em raras circunstâncias, aonde seu guia divino pode modificar o destino propenso. Esta classe de pessoas é que são chamadas IMERE em Yorùbá e Igbokhuan em Bini, vêem para o mundo por umas poucas horas, dias, semanas, meses ou anos e morrem quando chega à hora escolhida. Foi apenas Ọrúnmìlá que descobriu o segredo de como prolongar as vidas de tais pessoas na terra, que ocorre apenas se os pais da criança são capazes de descobrir pelo oráculo com boa antecedência, que o nascimento da criança será Imere.

Por exemplo uma pessoa vem do céu com a determinação de se tornar um fazendeiro na terra. Dependendo do tipo de liberação de poderes celestes que ele obteve, ele poderá gostar de agricultura logo que ele se torne adulto no mundo e prosperar imensamente. Se por outro lado ele falhou na obtenção da liberação dos poderes superiores no céu, ele pode se tornar um profissional completamente diferente no qual ele nunca será capaz de encontrar o fim, tendo se desviado fora das suas escolhas vocacionais ou profissionais. Um ponto significante para se ter em mente é que ninguém alguma vez relembra suas frases no céu na partida para a terra.. Èşù usa o período de espera no Erebus e o processo da infância para apagar (bloquear) toda memória do que nós somos no céu e o que planejamos fazer na terra.

Ninguém veio alguma vez do céu, exceto os Imere, com pedidos ruins para si mesmos. Todo mundo deseja ter sucesso naquilo que faz, mas seu sucesso depende principalmente na quantia de autorízação que recebeu das altas divindades antes da vinda para a terra. Algumas pessoas fogem do céu sem obter a liberação de ninguém. Há pessoas que divagam por toda parte no mundo por querer uma vida estável. Quase invariavelmente uma vida tranqüila esquiva-se deles em toda parte, já que eles não fizeram programação para isso. Tais pessoas vem ao mundo para censurar e culpar Deus, seu guardião ou suas cabeças e companheiros humanos, por suas falhas e infortúnios. Mas eles tem que culpar unicamente a si mesmos.
È como alguém partindo para uma nova fazenda sem estar à altura do trabalho e nem ter comida para a jornada.

Na chegada ao mundo, um número de pessoas é afortunada tendo bons pais que vão a algum tipo de oráculo ou outro tipo de sacerdote. Só os pais são capazes de descobrir a tempo o tipo de criança que eles têm, eles podem iniciar suficientemente cedo a tarefa para o preparo dos pés da criança no caminho certo do seu destino.

Um aspecto muito importante do destino de uma pessoa é a divindade dominante de sua vida.

Como indicado anteriormente, antepassados dos homens vieram a este mundo sob a liderança de uma ou outra divindade. É a alguém que veio sob a Oríentação de Ọrúnmìlá que será requerido que seja bem sucedido servindo Ọrúnmìlá no mundo. O mesmo é verdade para todas as demais divindades como Ògún, Şàngó, Olokún, Ọya, etc.

Do mesmo modo, é a pessoa que veio sob a Oríentação de Orísa N’la (representação personificada de Deus) que irá prosperar seguindo o caminho da religião moderna.

A tragédia da existência do homem é que quando um seguidor de uma divindade observa os seguidores de outras divindades, felizes e contentes em sua própria facção, ele acredita que ele seria igualmente bem sucedido, abandonando os serviços de sua própria divindade pelo serviço de outra.

Há pessoas que ou caem da frigideira para o fogo ou passam através da vida como se estivessem envolvidos em uma busca sem fim por um porto seguro.

A advertência para tais pessoas é irem ao algum tipo de oráculo, eles têm a função e autorízação para descobrir suas divindades Oríentadoras. Tão logo isto seja desvendado uma proporção considerável do tamanho de seus problemas terá sido resolvida.



A POSIÇÃO DO ORÁCULO EM NOSSAS VIDAS

A consulta oracular (divinação) é definida como a faculdade da previsão. Vem da palavra em latim Divinatus, Divinare” – prever. A arte e a prática da previsão dos eventos futuros ou o desconhecidos, por meio de oráculos ou ocultismos. Uma profecia, predição ou augúrio.

Divinação é a arte de possuir visão, perspicácia e percepção das sortes, infortúnios e futuro. Pode ser feito algo pela oração de videntes cristãos ou através de um sacerdote de Ifá, ou algum outro sacerdote de outra divindade, ou através de algum outro tipo de oráculo. Por Ògún, Şàngó, Olokún, etc, sacerdotes que prevêem o futuro quando possuídos também são um divinador.

Com referência em particular a Divinação de Ifá, é feita numa das quatro maneiras pelo sacerdote de Ifá. Pode ser feira com um Obi de quatro partes, arremessado ao chão e interpretando a proclamação do Ọdu surgido através das peças do Obi. O alcance do oráculo pelas quatro partes do Obi é limitado e só sacerdotes de Ifá altamente experientes vêem e dizem muito sobre isto.

Divinação é feita muito freqüentemente com o Opele, o qual é capaz de traduzir o alcance total do oráculo de Ifá. Nós veremos mais tarde que há 256 Odus no corpo de Ifá. Alguns principais chamados Olodus são em número de dezesseis. Os 240 restantes são chamados simplesmente Ọdus. Todos eles contudo são tratados por seus nomes individuais.

Quando o Opele é lançado ao chão, o sacerdote lê em voz alta o Ọdu que tem aparecido para informar ao inquiridor. Logo que o nome do Ọdu é sabido, o sacerdote traça imediatamente a trajetória daquele Odu
relevante para a questão perguntada.

Suponhamos que um homem se preparando para viajar do céu para a terra vá a um sacerdote de Ifá no céu para consultar o oráculo e o sacerdote opte por usar o Okpele, Suponhamos ainda que depois de lançado seu okpele, Ogbe-Oligun saia. O sacerdote de Ifá simplesmente irá relembrar o sacrifício que Ogbe-Oligun fez antes da partida para a terra no começo dos tempos. Se por outro lado Ogbe-Oligun apareceu numa divinação terrestre para um homem que quer fazer uma viagem, o sacerdote de Ifá também se lembrará à experiência de Ogbe-Oligun numa situação similar quando ele estava no mundo.

O Ọdu aparecendo por meio deste instrumento oracular é similar às estrelas as quais os astrólogos lêem quando nasce uma pessoa. O sacerdote de Ifá tem um conhecimento razoável do que cada Ọdu fez no céu e durante sua vida na terra. Se alguém por conseguinte vai ao oráculo e um Ọdu em particular surge, o sacerdote só relembra o evento em particular na vida e o trabalho daquele Ọdu, pertinente ao assunto em questão e informa ao consulente para fazer a mesma coisa que Ọrúnmìlá fez em circunstâncias similares. Se ele recomenda sacrifício e é feito de acordo, o consulente certamente obterá de certa forma o auxílio que Ọrúnmìlá teve na mesma situação.

A terceira forma de divinação é o Ikin ou (Iken em Bini). Este é constituído por 16 caroços de palmeira transferidos entre as duas palmas das mãos. O sacerdote de Ifá pede ao consulente para tocar sua cabeça com os 16 Ikin e o sacerdote começa embaralhando os Ikin entre as mãos. Usando a palma esquerda como base para os Ikin, ele tenta removê-los todos com a mão direita. Se por exemplo ele removê-los todos ficando dois Ikin na palma esquerda ele então marca uma linha no Ọpọn-Ifá (Bandeja de Ifá) com Iyerosun ou pó divinatório. Ele também marca duas linhas se apenas um Ikin permanecer na mão esquerda.
Ele vai por meio deste processo fazendo oito vezes até preencher o Ọdu e fazê-lo aparecer na bandeja.
Este primeiro Ọdu que surge na bandeja, o qual fornecerá as informações que o sacerdote irá interpretar depois.

Depois da marcação do primeiro Ọdu, vai buscar confirmação através do mesmo processo obtendo o segundo Ọdu. Para completar o processo ele finalmente questiona se há algum obstáculo no assunto do inquiridor. Se é revelado pela terceira marcação na bandeja que há obstáculos, o sacerdote continuará a perguntar a causa e o tipo, antes constatando o que tem sido feito a esse respeito pelo consulente. Os detalhes deste processo será explicado neste livro mais tarde.

A quarta e mais importante forma oracular é uma que tem seu lugar quando uma pessoa está preparando seu próprio assentamento de Ọrúnmìlá ou quando ele é iniciado em Ifá. Que é quando ele se encaminha para Ugbodu. O processo adquire a mesma forma anterior, mas neste momento o primeiro Ọdu que sai no Ugbodu, se torna o nome do iniciado de Ọrúnmìlá. A vida histórica daquele Ọdu é narrada ao iniciado e sua vida irá experimentar os mesmos problemas e expectativas como aqueles do Ọdu.


quarta-feira, 30 de março de 2011

Entendendo o sentido das forças negativas conhecidas como AJOGUN

Dentro do sistema iorubá tradicional indígena, espíritos negativos são conhecidos como ajogun. O seu objetivo principal é provocar o sofrimento humano.

O principal ajogun é Iku (morte), responsável pela redução da vida da existência humana.

O segundo é conhecido como Aarun (doença), que tem a função de destruir o homem através de várias doenças.


O terceiro é EGBA (invalidez), tem a função de causar paralisia ao ser humano .

O quarto é Ofo (perda), que tem a função de destruir a prosperidade alcançada pelos seres humanos.

Existem vários tipos de ajogun, mas apontamos apenas os principais.

O odu Irete Ogbe (ireteegbe) confirma que esses espíritos conhecidos como ajogun foram criados no céu, igualmente a criação da humanidade por Olodumare, a fonte universal da criação. Estas forças foram criadas, em princípio, para o bem, porém ao se transformarem em malígnas, foram enviadas à terra, e o caminho pelo qual chegaram, a encruzilhada, ficou conhecida como meta agbansaala, onde se reuniram.

Orunmila, o primeiro que veio do céu à terra, conhecendo a intenção dos ajogun em vir ao mundo, expressou sua grande preocupação do que seria o destino da humanidade. Ficou conhecido como atay Oba-la (o conserto do mundo).

IFA (a palavra sagrada de Deus, também conhecida como a visão particular do povo iorubá sobre a criação da vida), disse que é só Orunmila é quem poderia reconstruir o nosso mundo.

O odu okanran otrupo declara que somente através dos akose (medicina tradicional), como os sacrificios (ebó), magia (Oogun), encantamentos (ofo igede), é que poderemos minimizar e melhorar nossa qualidade de vida.

Já o odu ogbe rosun, declara que as pessoas que não são devidamente protegidas por ifa, serão afligidas por eles.



Fonte : egbe ile owa, pelo Oluwo ifalabi fatunmbi fakayode (Awo temple ose mejí Ibadán)

quinta-feira, 3 de março de 2011

Tradição Yorubá

Neste texto, o professor Juarez Tadeu de Paula Xavier, que reúne em sua bagagem o conhecimento formal (como jornalista, mestre em História e doutorando pela USP) e religioso popular (como sacerdote iorubá) nos fornece uma introdução ao universo da tradição iorubá e das dinâmicas que envolvem sua religiosidade.
Fibra óptica da conexão com a ancestralidade

O povo yorubá

Todos os diversos grupos provenientes do Sul e do Centro do Daomé e do Sudoeste da Nigéria, de uma vasta região que se convencionou chamar de Yoru Baland, são reconhecidos no Brasil sob o nome genérico de nagô, portadores de uma tradição cuja riqueza deriva das culturas individuais dos diferentes reinos. Os ketu, sabe, oió, eógbá, egbado, ijesa, ijebu, importaram para o Brasil seus costumes, suas estruturas hierárquicas, seus conceitos filosóficos e estéticos, sua língua, sua música, sua literatura oral e mitológica. Eles trouxeram para o Brasil sua religião - sobretudo da mesma forma que a palavra yorubá na Nigéria, ou a palavra iucumi em Cuba, o termo nagô no Brasil acabou por ser aplicado coletivamente a todos estes grupos vinculados por uma língua comum.

Em suas regiões de origem, todos se consideram descendentes de um único progenitor mitológico, oduduwá, emigrantes de um mítico lugar de origem, Ilé Ife. Eles falam yorubá conhecido como eyo, falado no antigo reino de oió. Ainda são conhecidos hoje em dia com o nome de anagó, e existem outros grupos em ifónyin e ilaaró. Os yorubá do Daomé, de onde provém a maior parte dos nagô brasileiros, estão constituídos de populações que se consideram descendentes de Ife, irmanados por um mesmo mito genético. São conhecidos com o nome genérico de nagô, nagonu ou anagonu, pessoa ou povo anagó, nome constituído de anagó + nu, sufixo que, em fon, significa “pessoa”. Por extensão, chamam-se anagonu, no Daomé, todos os iniciados e os sacerdotes praticantes da religião que cultua as entidades sobrenaturais de origem nagô.

                                                       
Estrutura religiosa

No complexo universo religioso iorubá, existem muitas “deidades” (ebura, ebora, imola, irunmole, orisa). Nunca foi registrado o total de deidades existentes de fato. Muitos pesquisadores e sacerdotes (Bascom, Abimbola, entre outros) falam com freqüência de 400 divindades, a exemplo de diversos versos de Ifá. Porém, esse é um número místico. Ele só pode ser interpretado como uma grande quantidade de seres divinos.

Alguns versos narram a existência de 400 divindades à direita e 200 divindades à esquerda. Cada uma delas com atributos especiais, funções específicas e poderes. Mas todas podem gerar filhos, proteger e oferecer outras bênçãos aos seus devotos fiéis. O orixá de brancura ou grande divindade (Orisala, Orinsala, Osala), também conhecido como “o rei que tem um traje branco” (Obatala), criou o primeiro homem e mulher e modela a forma humana no ventre materno (Ajala). Esse orixá aparece num grande número de versos, além de outros membros de seu panteão de deidades brancas (orisa funfun). A palavra “orixá” (orisa) tem sido freqüentemente traduzida como deidade e é, por vezes, usada em Ifé (centro religioso iorubá) como sinônimo de “ebora”. Mas em seu significado mais específico, orixá quer dizer um dos mais de cinqüenta membros do panteão de Obatala.

Muitas outras divindades aparecem nos versos, inclusive o orixá do raio, Xangô/ Jakuta/ Orinfé; o orixá da guerra e também do ferro, da metalurgia e da reinvenção da estrutura civilizatória no Aye–Terra, Ogun; o orixá da varíola, Omolu/ Obaluaye/ Xapono; o orixá da medicina e das folhas, Osanyin. Porém, os mais mencionados são Orunmila, Exú e Olorun. Olorun – o Senhor do orun - é “aquele que possui o orun” (0-1 (i) – orun) ou “rei do orun (Oba Orun). Ele é identificado como Olodunmare. A significação deste nome é explicado em um dos versos de Ifá como “Aquele que tem odu, filho de Piton” (Ere).

Olodunmare às vezes é identificado como um título de Ifá. Outras vezes como aquele a quem Exú leva os sacrifícios (ebó). Pesquisadores europeus consideraram Olodunmare como elemento da Santíssima Trindade, junto com Olorun e Eleda (a alma guardiã ancestral), ou igualam Olodunmare a Olorun, dando como seu significado “o Todo-Poderoso”). Entretanto, nos versos de Ifá, Olodunmare/ Olorun/ Olodun/ Olufin – entre outras definições do nome de “Deus” – é arquidivindade do panteão iorubá. Ele é o criador dos orixá/ebora/irunmole, da Ara Aye (Humanidade), do cosmo e de todas as coisas. Ele não tem início nem fim. Olodunmare é, por definição, o Ser Absoluto.

No panteão iorubá, há uma deidade que atravessa toda a estrutura religiosa. Ela está presente nos cultos dos lesse orixá – adoradores de orixá - e nos cultos dos lesse Egun – adoradores de Egun. Seu nome é Exú (Bara, Elegbara, Elegba). Exú é a primeira deidade a ser criada por Olodunmare e é o mais sagaz de todos os orixás. Ele é o mensageiro divino. Um dos seus papéis é entregar os sacrifícios que recebe a Olodunmare. Todos os sacerdotes da religião tradicional iorubá consideram esse papel importante. Entre suas várias facetas, Exú é apontado como “manhoso trapaceiro”, o divino contraponto do cágado nos contos populares iorubá, que se deleita com as desordens que arma; também serve Olodunmare e os outros orixás; causa contratempos para os seres humanos que os ofendem ou negligenciam suas obrigações religiosas. Ele é notório por começar brigas, por matar pessoas ao fazer cair paredes e árvores sobre elas, por provocar calamidades tanto para os orixás como para os humanos, mas sua atuação ao realizar a entrega de sacrifícios a Olodunmare é o motor de todo o sistema de conservação e transmissão do axé – capacidade de realizar -, atributo de Olodunmare, de Deus.

Em outro verso, Exú é identificado como sendo aquele indicado por Olodunmare para vigiar os outros orixás na Terra. A reputação de malignidade de Exú decorre do fato de ele ter o importante papel de executor divino, punindo aqueles que descumprem os sacrifícios prescritos - ebó – e recompensando os que os fazem.

Segundo os versos de Ifá, Exú deixa Sakeu para morrer no ar médio, faz com que dois amigos morram no mesmo dia, tudo porque deixaram de sacrificar. Outro par de amigos morrem no mesmo dia porque deixaram de acalmar Exú, a rã é ferida e perde sua coroa por não conseguir apaziguar Exú; o Rei das Térmitas faz o sacrifício e é feito rei, mas quando se recusa a realizar um segundo sacrifício contra Ikú – a morte -, Exú destroça a colina das Térmitas (cupinzeiro); Ojuro deixa de sacrificar e Exú a faz perder seu caminho, mas quando seus parentes sacrificam em seu nome, ela é encontrada; outra personagem faz um sacrifício para ter filhos, mas não um segundo para que não se tornem inimigos. Quando os filhos dela nascem, Exú faz com que eles lutem entre si e ambos perecem.

Em muitos versos igualmente numerosos, Exú auxilia os que fizeram os sacrifícios prescritos e os assistiu na obtenção daquilo que desejavam. O próprio Orunmila posterga um sacrifício e é levado como ladrão, mas quando o faz, Exú o auxilia não só para fugir, mas também para que seja recompensado por haver sido falsamente acusado. A hiena faz um sacrifício e se torna rei; e quando deixa de fazer um segundo sacrifício, Exú provoca sua deposição, mas quando a hiena finalmente efetua o sacrifício, Exú a auxilia a recuperar a coroa. Quando a mulher do rei faz sua escrava realizar um sacrifício em seu lugar, Exú dá a criança prometida à escrava. Ajaolele sacrifica e Exú o faz lutar com a filha do chefe, mas por meio disso ele se casa com ela e com duas outras esposas sem ter que pagar pecúlio às noivas. Exú interveio para salvar o povo de More da morte; ajudou Galo a vencer um torneio de capinação e, em conseqüência, a conquistar uma noiva; ajudou Orunmila a se casar com a Terra, tudo porque os sacrifícios prescritos foram realizados.

Axé

O axé é a força que assegura a existência dinâmica, que permite o acontecer e o devir. Sem ele a existência estaria paralisada, desprovida de toda possibilidade de realização. É o princípio que torna possível o processo vital. Como toda força, o axé é transmissível; é conduzido por meios materiais e simbólicos, e é acumulável. É uma força que só pode ser adquirida por introjeção ou por contato. Pode ser transmitida a objetos ou a seres humanos. Este termo designa, em nagô, a força invisível, a força mágico-sagrada de toda divindade, de todo ser animado, de toda coisa. Mas esta força não aparece espontaneamente: deve ser transmitida. Todo objeto, ser ou lugar consagrado só o é através da aquisição de axé. Compreende-se assim que o “terreiro”, todos os seus conteúdos materiais e seus iniciados, devem receber axé, acumulá-lo, mantê-lo e desenvolvê-lo.


Sistema Divinatório

Três etapas principais envolvem a divinação Ifá. A primeira é a seleção da figura ou configuração correta, com a qual é associada a mensagem que Ifá deseja ver transmitida ao consulente. Isso é conseguido por intermédio da manipulação de dendês ou pelo arremesso do apele, e pode ser interpretado em termos das leis da probabilidade, com cada uma das figuras uma chance em 256 para aparecer. A escolha não é deixada ao acaso ou sorte; é antes, controlada por Ifá, pessoalmente. A figura inicial jogada é que determina o grupo de versos que serão recitados. Em segundo lugar, o verso correto relacionado com o problema do consulente precisa ser selecionado dentre aqueles que o divinador tiver memorizado para essa figura. Os versos lidam com uma gama de problemas com os quais o consulente pode estar sendo confrontado, incluindo enfermidade e morte, pobreza e dívidas, contraindo matrimônio e tendo filhos, adquirindo terra nova e construindo nova casa, escolhendo um chefe e obtendo um título, empreendendo um negócio, fazendo uma viagem e recuperando uma propriedade perdida. Os versos prescrevem o sacrifício a ser oferecido, embora isso possa ser, de algum modo, modificado, e eles predizem o resultado ou desenlace do problema do consulente. Finalmente, é indispensável para o consulente oferecer o sacrifício no modo prescrito a fim de assegurar as bênçãos ou prevenir conseqüências más que tenham sido profetizadas.

O resumo geral da divinação é o seguinte: 1 - o primeiro arremesso é para determinar qual a figura para quem os versos de Ifá são recitados; 2 - dois lançamentos são feitos para determinar se os prognósticos são para o bem ou para o mal; 3 - cinco caídas são realizadas para se descobrir que gênero de bem ou mal está indicado; 4 - uma seqüência de arremessos duplos pode ser efetuada para se determinar, mais pormenorizadamente, o que é o mal; 5 - duas caídas são jogadas para se descobrir se um sacrifício (ebó) é suficiente, ou se, além de disso, é exigido um adimu; 6 - se adimu é indicado, cinco lançamentos são efetuados para saber para quem deverá ser oferecido; 7 - se adimu é para ser feito para uma “divindade branca”, isso é identificado por uma sucessão de lançamentos duplos; 8 - cinco arremessos são realizados para se avaliar aquilo que é requerido como adimu; 9 - se exige um animal vivo, uma série de arremessos duplos será feita para se descobrir de que tipo; 10 - os versos da figura do arremesso inicial são recitados e o verso apropriado é selecionado; 11 - o sacrifício adequado é determinado por uma série de arremessos duplos (caso no ponto 5 esteja indicado um ebó, as etapas de 6 a 9 são omitidas; se o consulente desejar, as etapas de 2 a 9 podem ser eliminadas; caso o sistema utilizado seja o dos dendês – ikin -, todo o processo pode ser reduzido aos pontos 1 e 10 apenas.)

Assim, para os iorubás as coisas desejáveis neste mundo são representadas por cinco categorias, dispostas em ordem de importância: vida longa ou “não morte” (ayku), dinheiro (aje, owo), casamento ou esposas (aya, iyawo), filhos (omo) e vitória (isegun) sobre os inimigos do indivíduo. Primeiro que tudo, um homem deseja viver uma vida longa, porque se ele morrer todas as coisas divinas se tornam sem sentido. Se não morre, ele quer ter dinheiro, pois por seu intermédio ele poderá se casar. Se tem dinheiro, ele quer esposa, de modo a poder ter filhos. Finalmente, se tem filho, mulheres, dinheiro e boa saúde, só rezará para que seja capaz de vencer os seus inimigos. Cada uma dessas bênçãos será de pequena valia sem aquelas que a precedem.

Para representar as cinco espécies do “bom”, os iorubás usam uma pequena pedra (okuta), dois cauris grandes (owo) atados juntos, a extremidade da concha de um caracol (igbin), um osso miúdo (egun, egungun), que é freqüentemente uma vértebra, e um caco (apadi) de um prato de louça ou tigela. A pedra representa longa vida porque não morre. Os cauris significam dinheiro, tendo sido usados como tal antes da introdução da moeda corrente européia. O caracol figura como casamento, pois caracóis integram parte dos presentes que precedem o matrimônio: um homem precisa possuir caracóis antes de obter uma esposa, ou a esposa traz caracóis em sacrifício a Ifá. O osso representa filhos porque são os próprios ossos de cada um, como dizem os iorubás. O caco de louça significa a derrota dos inimigos porque um prato ou tigela são inúteis depois de quebrados, significando que os inimigos de alguém serão derrotados como um prato quebrado.


Os sacrifícios e as
medicinas iorubás

O objetivo da divinação Ifá é determinar o sacrifício necessário para assegurar uma solução favorável do problema com que se confronta o consulente. Sacrifícios são necessários para assegurar que predições de boa sorte se concretizem, bem como evitar infortúnios que tenham sido previstos. A não realização de um sacrifício pode redundar não só em perdas como também em conseqüências maléficas. Exceto para oferendas conhecidas como adimu, todos os sacrifícios (ebó) são ofertados (ru, rubo, ru-ebo) ao sacrário de Exú, a não ser que haja especificação diferente nos versos de Ifá. Exú é simbolizado por um tosco bloco de laterita (yangi) colocada na parte externa de qualquer conjunto de moradias de Ifé, e do lado de fora do aposento de qualquer Babalaô. Um líquido é despejado sobre a laterita, pedaços de cola (obi) são colocados em seu topo e os restos do sacrifício, em sua base. Em Meko e em algumas cidades do território iorubá, uma grosseira imagem de barro é o símbolo de Exú que o divinador mantém em cima de um pote invertido. Durante o sacrifício, o consulente reza “Exú, aqui está meu sacrifício. Por favor, diga a Olorun (deus do orun) para que aceite meu sacrifício e alivie meu sofrimento”. Uma reduzida parte de cada sacrifício é posta de lado para o próprio Exú, a fim de assegurar que ele levará o restante para Olorun, a quem os sacrifícios são destinados. Exú não conduz sacrifícios para outros orixás; a estes, os sacrifícios são realizados em seus próprios sacrários respectivos, mas novamente uma parte é posta para Exú.


Os babalawo
(divinadores)

Os divinadores de Ifé são chamados de babalaôs ou “pais do segredo” (baba-li-awo) ou simplesmente awo, dos outros devotos de Ifá como “pais dos que têm Ifá “ (baba onifa). O termo onifa ou “aqueles que têm Ifá” (o-ni-Ifá) se refere a todos devotos de Ifá, inclusive os babalaôs, do mesmo modo que seu sinônimo, olorunmila, ou aqueles que tem orunmila (o-li-orunmila). Os devotos de Ifá incluem homens que herdam ou são iniciados na devoção de Ifá, sem se tornarem divinadores, assim como mulheres que são encarregadas de cuidar dos dendês do pai, mas que jamais poderão se tornar babalaô. Também são babalaôs os sacerdotes de Ifá, servindo outros devotos de Ifá, assim como divinando para os devotados de outros orixás.

Segundo os principais babalaôs, antes de um homem tornar-se divinador, ele tem que estudar Ifá por três, cinco ou sete anos. Os 16 odus básicos de Ifá e suas variantes devem ser memorizados no decorrer do primeiro ano. No segundo, o discípulo deve aprender a receber ibo para Ifá. No terceiro ano, o discípulo tem que memorizar os versos pertencentes a cada odu. Esta é a parte mais difícil do aprendizado de uma babalaô.


Os versos de Ifá

Os versos de Ifá – que contêm tanto as predições quanto os sacrifícios - constituem o cerne da divinação. A escolha do verso correto dentre aqueles memorizados pelo divinador constitui o ponto crucial de qualquer consulta. As figuras são apenas meios para o fim último do verso adequado. Os versos fornecem a chave para o objetivo final: determinar o sacrifício requerido para resolver o problema do consulente. Uma vez oferecido o sacrifício, as questões ficam nas mãos dos Orixás.

Levaria anos para que se determinasse o número exato dos versos de Ifá. Os conhecidos variam não só de um divinador para outro, mas também de um lugar para outro do território iorubá. Segundo alguns babalaôs, existem 16 versos para cada figura, perfazendo um total de 4.096 versos. Porém, 16 é um número místico em divinação Ifá. Isso não passa de uma afirmação convencional, e talvez até mesmo uma subestimação.

As informações contidas nos versos de Ifá são referentes a assuntos de teologia, ritual, status social e político. Elas são aceitas como verdadeiras. Para os iorubás, os versos têm importância religiosa, social e histórica. Eles constituem as escrituras da religião iorubá e têm sido considerados como a “Bíblia” dos literatos iorubá. Isso porque os versos contêm quatro ramos de conhecimento: religião, história, medicina e ciência, esses últimos referindo-se a explicações das características de pássaros, animais, plantas, metais e variados objetos citados.

A maioria deles pode ser considerada como consistindo em três partes: 1 - a citação do caso mitológico que serve de precedente; 2 - a solução ou desfecho desse caso; 3 - sua aplicação ao consulente. Os divinadores não analisam os versos nas três seções acima, mas diferenciam entre o mito ou “história” (itan) que alguns versos incorporam e o restante do verso. Os versos são conhecidos por fileiras (esse) e são, às vezes, classificados como odu, a mesma palavra que é usada para as figuras de Ifá, ou como designações de louvor (oriki, okiki, ekiki) de Ifá.

Em quase todos versos registrados, a personagem mitológica deixa de sacrificar ou, de outra maneira, não observa os conselhos dos divinadores. Quase inevitavelmente ela sofre infortúnios como conseqüência, enquanto a que sacrifica conforme as instruções geralmente prospera. A moral das narrativas é clara nos versos. É prudente sacrificar e perigoso não o fazer; é melhor fazer sacrifícios exatamente conforme mandado; é conveniente realizá-los o mais cedo possível; e é melhor dar alguma coisa que absolutamente nada. Não há verso algum em que a personagem prospere sem, pelo menos, haver consultado Exú; o único que pode se apresentar diante de Olodunmare com as solicitações humanas.

Bibliografia:


Abimbola,W. Iorubá Oral Tradition, 1975.
Bascom, W. Ifa Divination, 1969.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Itan de Ose Meji - Òsún

Uma jovem muito pobre, conhecida pelo nome de Iyalode, era muito astuta e ambiciosa, o que a tornava perigosa.

Pretendendo melhorar sua situação, Iyalode foi consultar Ifá, na esperança de receber as orientações necessárias. No decorrer da consulta, surgiu o Odu Ose Meji, que prescreveu um sacrifício que Iyalode tratou logo de oferecer.

No dia seguinte, quando passava pela porta do palácio do rei Oba Nla, a jovem foi acometida de uma fúria inexplicável e pôs-se, em altos brandos, a culpar o rei pela situação de miséria em que vivia.

“O rei é um perverso insensível.” gritava a jovem, “tem o que deseja e por isso não se incomoda com a miséria de seus súditos!”. As pessoas que passavam, ao ouvirem as acusações feitas pela jovem, tomaram partidos diferentes, alguns achando que ela estava coberta de razão, enquanto outros defendiam Oba Nla, por conhecerem sua bondade e senso de justiça.

Ao ser informado do que estava ocorrendo, o rei ordenou que a moça fosse imediatamente conduzida a sua presença, para um entendimento pessoal.

Frente a frente com o rei, Iyalode relatou suas desditas, chorou suas magoas e falou de seus sonhos de jovem. Impressionado com a coragem da moça e com a sinceridade que marcava o seu caráter, Oba Nla, mandou que lhe fosse dado um aposento no palácio, onde a partir de então, a jovem passou a residir cercada de todo o luxo e conforto que sempre desejou desfrutar, ficando desde então, encarregada de todo o ouro que pertence a Oba Nla.

 

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Ebós Oferendas e sacríficios

Nos mais antigos tempos da raça humana, as pessoas tentavam barganhar; negociar com  as suas Divindades, através dos sacrifícios. Não sendo indiferentes as dificuldades da vida, era fácil entender que o sacríficio era algo que um Deus apreciaria ( a palavra sacríficio, significa: " SACRO OFÍCIO "  ou seja: trabalho sagrado ou trabalho dos Deuses ). Para uma Divindade protetora do rebanho de cabras por exemplo, era apropiado sacrificar o mais perfeito cabrito ou carneiro. Para o Deus do plantio de inhame, era apropiado o maior e mais perfeito inhame da colheita. Todas as Divindades apreciavam alimentos, pois se acreditava que viviam na parte espiritual dos mesmos- o grande espírito ancestral da terra. Como apenas a energia espiritual do alimento, fosse para o Deus ofertado, a tribo não só podia, como deveria comer a  oferenda. Compartilhar com seus irmãos, do alimento sagrada junto a Divindade. Com o tempo, os antigos sacerdotes puderam perceber qual era a oferenda mais indicada, para se conseguir o fim que se esperava, o mais rapídamente possível. Na verdade a idéia em que se baseia o sistema de oferendas, vem de um sistema de escrita, que como toda linguagem, possui fundamentalmente o objetivo de transmitir mensagens ( neste caso, "sacro ofício"- sacríficio, era a mensagem destinada exclusivamente aos Deuses ). Vejamos melhor estes conceitos: Apesar da ciência dita "oficial" , afirmar que os antigos Negros não possuiam nenhum sistema de escrita, o que os caracterizava como algo próximo aos animais, na verdade, os antigos Africanos da raça Negra, possuiam sim, não um , mas vários sistemas de escrita, como o sistema ideográfico ( símbolos visuais capazes de transmitir idéias, como por exemplo: as onifás do Oráculo de Ifá ) e entre outros, utilizavam-se muito de um sistema chamado escrita fonológica, um exemplo bem claro está no aròkó Iorubá, um sistema complexo utilizado por líderes militares, Reis e príncipes, o qual se consistia de arranjos de búzios e determinadas penas que construiam, às vezes uma representação silábica e portanto fonológica das palavras. A escrita fonológica representa graficamente os sons da linguagem ( fonemas ou sílabas ) e não envolve a prática das oferendas ( sacr´ficios) dentro da cultura Iorubá, está intimamente ligado a idéia da escrita fonológica, como veremos; TODA OFERENDA É SEMPRE UMA TRANSMISSÃO DE MENSAGEM, ATRVÉS DE PENSAMENTOS, SONS E ELEMENTOS MATERIAIS, seja estes elementos unidos ou separados. Dentro do sistema de oferendas os Ofòs ( encantamentos ) dos materiais, diziam os antigos sacerdotes que cada pensamento de um Orí ( cabeça física e espiritual ) têm um som especial, o qual equivale a uma forma; com pensamento, som e movimento, aquele que conhecesse a técnica , poderia quebrar ossos, provocar incêndios, destruir orgãos de um inimigo e também curar os doentes e fazer grandes benefícios. Um nome  ( pensamento e som ), poderia ser uma palavra mortal, principalmente se acompanhada de seu elemento físico ( oferenda ), em seu pensamento, som, forma e movimento. Por isto é importante perceber, o quanto pode ser díficil e ao mesmo tempo importante, a prática correta de uma boa oferenda, para que tenha-se um resultado final e objetivo no que se busca. Que os bons pensamentos, sejam nossa oferenda inicial aos Orísás da sabedoria, que Orunmilá, nos oriente a cada dia somar mais e mais conhecimentos espirituais e a desenvolver o bom carater, até porque só ganha presentes o que merece, QUE SEJAMOS MERECEDORES DE RECEBER AS BENÇÃOS AOS OLHOS DE OLODUMÁRE, QUANDO O MENSAGEIRO LÁ ENTREGAR ,NOSSOS PEDIDOS, DESEJOS E AGRADECIMENTOS.

ASÉ IRE...OOOO!.                                                                                                                                                                                                                                           

terça-feira, 16 de novembro de 2010

AS DUAS FACES DE OSUN

Poderoso Orixá, é considerada como a mais enigmática das Iyás (mães). Símbolo do “feminino”, cujo culto praticado no Brasil tem origem em Ijèsà (África). Seu templo principal encontra-se em Osogbo – Nigéria (ver fotos). Domina a água e a terra que, segundo a teologia Yorubá, são os agentes naturais do AXÉ GENITOR (procriador). É o Orixá do Rio de mesmo nome, e no Brasil, não está vinculada a nenhum rio específico, mas à todos os córregos, cascatas, cachoeiras e até mesmo ao mar. As águas predominantemente lodosas, são destinadas ao Orixá Nanan. Nas cachoeiras, costuma-se entregar a Oxun, as comidas rituais votivas e presentes de seus Filhos-de-Santo. Alguns dizem que o Rio Osun não é navegável. Outros, por superstição, afirmam que só é possível atravessá-lo de uma margem para outra e nunca subi-lo ou descê-lo. Crocodilos que neste rio vivem, são considerados seus mensageiros. Oxun é representada, em algumas narrações como “Peixe Mítico”. Há uma lenda em que Larô, o primeiro rei, de uma região na qual o Rio Oxun passa e suas águas são sempre abundantes, lá se instalou e fez um pacto de aliança com o Orixá. Na época em que chegou, uma de suas filhas foi se banhar. O rio a engoliu sob as águas. Ela só saiu no dia seguinte, soberbamente vestida, e declarou que Oxun a havia bem acolhido no fundo do rio. Larô, para mostrar sua gratidão, veio lhe trazer oferendas. Numerosos peixes, mensageiros da divindade, vieram comer, em sinal de aceitação, os alimentos jogados nas águas. Um grande peixe chegou nadando nas proximidades do lugar onde estava Larô. O peixe cuspiu água, e Larô a recolheu numa cabaça e bebeu, fazendo, assim, um pacto com o rio. Em seguida, ele estendeu suas mãos sobre a água e o grande peixe saltou sobre ela. Isto é dito em yorubá: Atewo gba ejá, o que deu origem a Ataojá, título dos reis do lugar.


Ataojá declarou então: “Oxun gbô!” – “Oxun está em estado de maturidade; suas águas são abundantes”, dando origem ao nome da cidade de Oxogbô. Todos os anos faz-se, grandes festas no local, em comemoração a todos esses acontecimentos. Iyalodê é o título mais honorífico que uma mulher pode receber. Oxun possui este título: A Senhora Suprema de todas as Mulheres. Árbitra das diferenças entre elas.

Mãe Ancestral

 Iyami Akókó

Nas escrituras yorubás, Oxun é citada como chefe suprema do poder ancestral feminino, o que a faz, “o cabeça” da sociedade das Iyámis, também chamadas de Iyá –Àgbà (as Mães Anciãs). Tem associações com os pássaros, como todas as Iyámis. Da mesma forma que os peixes, os pássaros são seus filhos. As escamas e as penas fazem parte de seu poder. Oxun pode apresentar-se como um enorme peixe ou pássaro. Desta preposição, nasceu o preceito de que Oxun não deve receber pombos em suas obrigações. É respeitada como Ajé, isto é, bruxa e feiticeira. Segundo lenda, “No tempo da criação, quando Oxun estava vindo das profundezas do Orun (Céu), Olodunmare confiou-lhe o poder de zelar por cada uma das crianças criadas por Orixá que iriam nascer na Terra. Oxun seria a provedora de crianças. Ela deveria fazer com que as crianças permanecessem no ventre de suas mães, assegurando-lhes, medicamentos e tratamentos apropriados para evitar abortos e contratempos antes do nascimento; mesmo depois de nascida a criança, até ela não estar dotada de razão e não estar falando alguma língua, o desenvolvimento e a obtenção de sua inteligência estariam sob o cuidado de Oxun. Ela não deveria encolerizar-se com ninguém a fim de não recusar uma criança a um inimigo e dar a gravidez a um amigo. E foi a primeira Iyami, encarregada de ser a Olùtójú awon omo ( aquela que vela por todas as crianças) e a Álàwòyè omo (aquela que cura as crianças). Oxun não deve vir a ser inimigo de ninguém”.

Arquétipo

Oxun é a genitora por excelência, ligada à procriação e associada à descendência no AIYÊ (TERRA). É a patrona da gravidez ou gestação. Todo embrião ou feto é colocado sob sua responsabilidade e proteção, até o momento em que o bebê começa a falar. Por analogia, ela é responsável pela iniciação de neófitos (yawôs), que são considerados “embriões”, até o momento da cerimônia de “Dar o Nome”. Assim, toda a iniciação deve ter o cuidado de “louvar” Oxun durante o período de reclusão. A demonstração e comprovação de que Oxun é a “Mãe das Iniciações”, é o uso dos ekodidés, nos oris escanhoados dos iniciandos. Leia a seguir a lenda: “Uma sacerdotisa cujo nome era Omo Òsun (filha ou descendente de Oxun) servia a Òrísànlá e estava encarregada de zelar por seus paramentos e particularmente por sua coroa. Alguns dias antes do festival anual, umas seguidoras de Òrísànlá, invejosas da posição de Omo Òsun, decidiram roubar a cora e joga-la nas águas. Quando Omo Òsun descobriu o furto, seu desespero foi profundo. Uma menina que ela criava aconselhou-a a comprar, no dia seguinte de manhã, o primeiro peixe que encontrasse no mercado. No dia seguinte, Omo Òsun não conseguiu encontrar nenhum peixe e foi somente na sua volta que encontrou um rapaz que trazia um grande peixe à cabeça. Chegando à sua casa, Omo Òsun não conseguia abrir o peixe. A garota apanhou um pedaço de faca muito usado – cacumbu – e facilmente conseguiu fender a barriga do peixe no interior da qual luzia a coroa. Chegando o dia da grande cerimônia, as invejosas sabendo que Omo Òsun havia miraculosamente encontrado a coroa, decidiram recorrer a trabalho mágico para desprestigiar Omo Òsun em frente a Òrísàlá. Elas colocaram um preparado na cadeira de Omo Òsun , situada ao lado do trono de Òrísàlá.

Todo mundo estava reunido e esperava em pé a chegada do grande Oba. Quando chegou, sentou-se e fez sentar-se todos os presentes. Em seguida pediu a Omo Òsun que lhe desse os paramentos. Quando ela quis levantar, foi incapaz de fazê-lo. Tentou veementemente várias vezes a te conseguir, enfim, mas o preço do grande esforço foi desgarrar as partes baixas de seu corpo que começaram a sangrar copiosamente, manchando tudo de vermelho. Òsàlá, cujo tabu é o vermelho,levantou-se inquieto, e Omo Òsun, aturdida e envergonhada, fugiu. Segue-se uma longa odisséia durante a qual Omo Òsun foi bater à porta de todos os Orixás e nenhum deles quis recebê-la. Enfim, ela foi implorar ajuda de Oxun, que a recebeu afetuosamente e transformou o corrimento sangüíneo em penas vermelhas do pássaro odide, chamadas ekódidé ou ikóóde, que iam caindo dentro de uma cabaça, colocada para recebê-las. Diante desse mistério – awo – a transformação do corrimento de sangue em ekódidé, todos regozijaram-se, começando os tambores a rufar e a correrem de todas as partes para assistir ao acontecimento: Yèyè sawo: Mãe fez mistério (Mãe conhece segredo, é mistério). A festa se organizou e todas as noites Oxun abria as portas para receber os visitantes que, entrando, apanhavam um ekódidé e colocavam cauris (dinheiro) na cuia colocada ao lado. Todos os Orixás vieram tomar parte no acontecimento. Finalmente, o próprio Òsàlá foi atraído pelas festividades. Apresentou-se em casa de Oxun e, como os outros, saudou-a fazendo o dòdòbálè, apanhou um ekódidé e o prendeu em seus cabelos. Um cântico relembra para sempre essa circunstância: Òdòfin dòdòbálè k’obinrin – Òdòfin (Òrinsàlà) saúda prostrando-se frente à mulher. Mesmo o grande Orixá Funfun faz o dòdòbálè – alongando-se no solo, tocando-o com o peito em sinal de respeito e de submissão – diante do poder de gestação”.

Por estar comprometida e vinculada à “gestação “, também tem relações com o ciclo menstrual. E devido a seu simbolismo com a maternidade, é saudada como Ye ye, uma forma de dizer “Mãe”. É a ela que se dirigem as mulheres que querem engravidar, sendo sua, a responsabilidade de zelar tanto pelos fetos em gestação como pelas crianças recém-nascidas, até que estas aprendam a falar. Dentro desta perspectiva, Iemanjá e Oxum dividem a maternidade. Mas há também outra forma de análise: a por faixas etárias. Nanan é a matriarca velha, ranzinza, avó que já teve o poder sobre a família e o perdeu, sentindo-se relegada a um segundo plano. Iemanjá, é a mulher adulta e madura, na sua plenitude. É a mãe das lendas – mas nelas, seus filhos são sempre adultos. Apesar de não ter a idade de Oxalá (sendo a segunda esposa do Orixá da criação), não é jovem. É a que tenta manter o clã unido, a que arbitra desavenças entre personalidades contrastantes, é a que chora, pois os filhos adultos já saem debaixo de sua asa e correm os mundos, afastando-se da unidade familiar básica. Para Oxun, então, foi reservado o posto da jovem mãe, da mulher que ainda tem algo de adolescente, maliciosa, ao mesmo tempo que é cheia de paixão e busca objetivamente o prazer. Sua responsabilidade em ser mãe se restringe às crianças e bebês. Começa antes, na própria fecundação, mas não no seu desenvolvimento como adulto. O arquétipo de Oxun é o das mulheres graciosas e elegantes, com paixão pelas jóias, perfumes e vestimentas caras; das mulheres que são símbolos do charme e da beleza; voluptuosas e sensuais, porém mais reservadas que Yansan. Elas evitam chocar a opinião pública, à qual dão grande importância. Sob sua aparência graciosa e sedutora, escondem uma vontade muito forte e um grande desejo de ascensão social. Oxun também tem como um de seus domínios, a atividade sexual e a sensualidade em si, sendo considerada pelas lendas, uma das figuras físicas mais belas do Panteão Mítico Yorubano. Existem 16 tipos diferentes de Oxun, desde as quase adolescentes, até as mais velhas. Diz a lenda, que as mais velhas, moram nos trechos mais profundos dos rios, enquanto as mais novas nos trechos mais superficiais. Entre essas 16, três são marcadas como guerreiras (Apara, a mais violenta, Iê Iê Kerê, que usa arco e flecha, e Ié Ié Iponda, que usa espada), mas a maior parte delas é mais pacífica, não gostando de lutas e guerras. Oxun é dos poucos Orixás yorubas, que absolutamente não gosta da guerra. A cor de Oxun é o pupa ou pon, que pode ser interpretado tanto como vermelho – o poder da criação humana e animal; o sangue menstrual ou o amarelo – um vermelho mais claro, mais leve e benéfico que pode ser interpretado como “está maduro”. O amarelo-ouro ou pon ròrò é a cor oficial que representa Oxun. Uma outra maneira de dizer vermelho em Nagô, é pupa eyin, literalmente “gema de ovo”. O ovo, além de representar o “óvulo” que dá origem à vida, é o preferido de Oxun em suas comidas, mas também é o símbolo e representação das Iyás-àgbás, ancestrais femininos representados por pássaros. Todos os metais amarelos pertencem a Oxun: Ouro e Bronze.

Outras lendas sobre Oxun

1) Oxun era muito bonita, dengosa e vaidosa. Como o são, geralmente, as belas mulheres. Ela gostava de panos vistosos, marrafas de tartaruga e tinha, sobretudo, uma grande paixão pelas jóias de cobre. Este metal era muito precioso, antigamente, na terra dos Yorubás. Oxun era cliente dos comerciantes de cobre. Oxun lavava suas jóias, antes mesmo de lavar suas crianças. Mas tem, entretanto, a reputação de ser uma boa mãe e atende às súplicas das mulheres que desejam ter filhos. Ela foi a segunda mulher de Xangô, sendo a primeira Yansan e a terceira Obá. Tem humor caprichoso e mutável. Alguns dias, suas águas correm aprazíveis e calmas. Deslizam com graça, frescas e límpidas, entre margens cobertas de brilhante vegetação. Numerosos vãos permitem atravessar de um lado a outro. Outras vezes suas águas, tumultuadas, passam estrondando, cheias de correntezas e torvelinhos, transbordando e inundando campos e florestas. Ninguém poderia atravessar de uma margem à outra, pois ponte nenhuma as ligava. Oxun não toleraria tal ousadia! Quando em fúria, ela leva para longe as canoas que tentam atravessar o rio e as destrói.

2) Olowu, o rei de Owu, seguido de seu exército, ia para a guerra. Por infelicidade, tinha que atravessar o rio num dia em que este estava encolerizado. Olowu fez a Oxum uma promessa solene, entretanto, mal formulada. Ele declarou: “Se você baixar o nível de suas águas, para que eu possa atravessar e seguir para a guerra, e se eu voltar vencedor, prometo a você ‘nkan rere’,” isto é, boas coisas. Oxun compreendeu que ele falava de sua mulher, Nkan, filha do rei de Ibadan. Ela baixou o nível das águas e Olowu continuou sua expedição. Quando ele voltou, algum tempo depois, vitorioso e com um espólio considerável, novamente encontrou Oxun com o humor perturbado. O rio estava turbulento e com suas águas agitadas. Olowu mandou jogar sobre as vagas toda sorte de boas coisas, as nkan rere prometidas: tecidos, búzios, bois, galinhas e escravos. Mel de abelhas e pratos de mulukun, iguaria onde suavemente misturam-se cebolas, feijão fradinho, sal e camarões. Mas Oxum devolveu todas estas coisas boas sobre as margens. Era Nkan, a mulher de Olowu, que ela exigia. Olowu foi obrigado a submeter-se e jogar nas águas a sua mulher. Nkan estava grávida e a criança nasceu no fundo do rio. Oxun, escrupulosamente, devolveu o recém-nascido dizendo: “É Nkan que me foi solenemente prometida e não a criança. Tome-a!”. As águas baixaram e Olowu voltou tristemente para sua terra. O rei de Ibadan, sabendo do fim trágico de sua filha, indignado declarou: “Não foi para que ela servisse de oferenda a um rio, que eu a dei em casamento a Olowu!” Ele guerreou com o genro e o expulsou do país.

TEMPLO DE ÒSÚN – OSOGBO – NIGÉRIA - ÁFRICA




































Bibliografia:

Orixás - Pierre Verger

Lendas Africanas dos Orixás - Pierre Verger

Os Nagô e a Morte – Juana E. Santos


Fonte: Jornalagaxeta.com